terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Um pouco da história da rock

O sonho de encontrar um branco capaz de cantar como um negro havia sido realizado por Sam Phillips, de um pequeno selo chamado Sun Records. Em seu início de carreira com o single de Thats All Right e Blue Moon of Kentucky, logo seguido por Good Rockin’ Tonight e I Don’t Care If The Sun Dont Shine, poucos poderiam acreditar que o Elvis Presley que ouviam no rádio era um branco. Obviamente parecia mais saudável à sociedade conservadora e racista aceitar aquele tipo de música vindo de um rapaz com rosto de bom moço. Qualquer boa intenção porém era desmentida pela maneira agressiva e sensual de dançar.

Embora criado um ano antes o rock and roll só viria a explodir definitivamente em 1955, em grande parte influenciado pela inclusão de Rock Around The Clock como música de abertura do filme Blackboard Jungle (Sementes da Violência) sobre relações tumultuadas entre alunos e professores (uma analogia a algo muito mais amplo, o relacionamento entre o stablishment e a ânsia por mudanças). Uma juventude a cada dia mais delinquente e em busca de herois sem relações com herois do passado rapidamente adotou (para pavor da parcela mais conservadora da sociedade) a rebeldia (mesmo que sem causa) como exemplo a ser seguido, e por tabela a música do filme como catalisador desta rebeldia. Obviamente o novo tipo de música passou rapidamente a ser associado à degeneração da juventude, o que tornava ainda maior seu fascínio, em um ciclo vicioso irresistível.

E quando todos pensavam que nada pior poderia influenciar em tão grande escala a juventude americana eis que um negro, Chuck Berry, sobe às paradas com uma versão para o hit country Ida Red, renomeado para Maybelline (da qual consta o nome de Allan Freed como autor embora este não tenha ajudado na composição). Embora nunca tenha conseguido para si o título que lhe poderia ser devido de rei do rock (usurpado pelo branco Elvis) sua importância nunca foi discutida.

Ainda mais assustadora para os conservadores porém seria a aparição nas paradas de um segundo negro, Little Richard, este ainda por cima afeminado, maquiado e com um penteado no mínimo exótico, cantando em seu primeiro verso o que viria a ser para sempre o grito de guerra mais conhecido do rock and roll, tão indecifrável quanto contagiante... "a wop bop a loo bop a lop bam boom".. a música... Tutti Frutti.

A prova definitiva de que o rock and roll seria a mais lucrativa música de consumo dos próximos anos viria com o pagamento de inéditos 45.000 dólares pelo passe de Elvis Presley (que chegara a ser aconselhado a voltar a dirigir caminhões menos de dois anos antes) para a gravadora major RCA Victor.

Em 1956 enquanto Elvis Presley consolidava seu sucesso com novos hits como Heartbreak Hotel, Blue Suede Shoes (que deveria ter sido lançada pelo seu autor, Carl Perkins, não tivesse este sofrido um grave acidente de carro que o deixou paralisado um ano) e regravações de músicas já consagradas como Tutti Frutti (com Little Richard) e Shake Rattle and Roll (com Bill Haley) tornava-se urgente para outras gravadoras achar artistas que pudessem rivalizar Elvis ou ao menos conseguir alguma repercussão usando de seu estilo.

A Sun tentando se livrar do estigma que a perseguiria de ser apenas a gravadora que descobriu Elvis e o vendeu por (apenas depois isso seria óbvio) uma ninharia, lançava Roy Orbison com Ooby Dooby. Como pianista já tinha em seus estúdios aquele que viria em pouco tempo a ser seu grande trunfo e tentativa mais eficiente de igualar o sucesso de Elvis, Jerry Lee Lewis. A Capitol Records responderia a Elvis com Gene Vincent and The Blue Caps, marcado pelo estilo do vocalista que balançava em torno de sua perna parada (na verdade paralisada em virtude de um acidente de moto) e pelo hit Be Bop A Lula.

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