terça-feira, 13 de abril de 2010

Literatura pelo mundo

Literatura grega - Parte IV

Literatura grega moderna

Após a queda de Constantinopla, em 1453, a produção literária grega continuou quase exclusivamente nas áreas do mundo grego sob domínio de Veneza. Assim, Chipre, até ser capturada pelos turcos em 1571, produziu obras literárias no dialeto local, entre elas a crônica local, escrita por Leóntius Machairás. Em Creta, sob domínio de Veneza até 1669, assistiu-se a um importante florescimento literário, escrito em dialeto cretense. Escreveram-se tragédias, comédias, uma tragicomédia pastoral e uma peça religiosa baseada nos modelos italianos. Georgios Chortátsis era o escritor mais importante. Na primeira metade do século XVII, Vitséntsos Kornáros escreveu seu poema narrativo Erotókritos.

No território grego dominado pelos otomanos, as canções populares agradavam à população e se tornaram praticamente a única forma de expressão literária. Ao aproximar-se o fim do século XVIII, no entanto, vários intelectuais, sob a influência das idéias européias, procuraram elevar o nível da educação e da cultura gregas e lançaram as bases de um movimento em prol da independência. Os participantes desse "iluminismo grego" também abordaram o problema da língua, e cada um deles promovia uma forma diferente do grego para ser usada na educação. O principal intelectual do início do século XIX foi o acadêmico clássico Adamántios Koraïs, que em textos sobre a língua e a educação gregas, defendeu um grego moderno "corrigido" com base nas antigas regras.

Período pós-independência. O grande renascer da literatura grega ocorreu a partir da independência, no final da década de 1820. Ao longo do século XIX houve uma discussão sobre qual das modalidades deveria ser adotada na língua literária: o katharevusa, variedade culta e deliberadamente arcaica; ou o demótico, baseado na língua falada. A princípio, foi mais empregado o katharevusa, mas no final do século triunfou na poesia o demótico, adotado em todos os gêneros literários a partir do início do século seguinte.

A literatura grega do século XIX esteve sob o signo do romantismo, ainda que nas últimas décadas tenha seguido novas tendências. Foram duas as mais importantes escolas de poesia: a ateniense e a jônica. Os poetas da primeira, que teve como fundador o líder Alexandros Soútsos, distinguiram-se pelo extremo sentimento patriótico e exacerbado romantismo. Além de Soútsos e de seu irmão Panayótis, introdutores do romance na Grécia, as figuras mais importantes foram Aléxandros Rízos Rangavís, em poesia narrativa e lírica, teatro e romance; Emmanuel Roídis, autor do romance satírico I Pápissa Ioánna (1866; A papisa Joana), um pastiche do romance histórico; e Pávlos Kalligás e Dimítrios Vikélas, que trataram de temas contemporâneos.
O representante máximo da escola jônica foi Dhionísios Solomós, poeta de grande profundidade filosófica e precursor do grupo de poetas atenienses que a partir de 1880 reagiu contra os exageros do romantismo e do formalismo do katharevusa.

O movimento vulgarista defendeu o demótico como língua mais apropriada para a criação literária. Antónios Mátesis escreveu um drama histórico que foi a primeira obra em prosa em demótico. Aristotélis Valaorítis deu continuidade à tradição jônica com longos poemas patrióticos inspirados nas guerras nacionais gregas.

O movimento vulgarista na literatura, cujo principal ideólogo foi Yánnis Psicháris (Jean Psichari), inspirou poetas a enriquecerem a tradição popular grega com influências externas. Dentro dessa tendência, Kostís Palamás dominou a cena literária por várias décadas, com uma vasta produção de ensaios e artigos, e publicou sua melhor poesia entre 1900 e 1910. Angelos Sikelianós seguiu a mesma tendência em sua poesia lírica de natureza profundamente mística.
Na prosa, o culto folclórico fortaleceu o desenvolvimento do conto, inicialmente escrito em katharevusa, mas o demótico gradualmente ocupou maior espaço a partir da década de 1890. Esses contos, assim como os romances do período, descreviam cenas da vida tradicional rural, em parte idealizada, em parte vista de maneira crítica por seus autores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário