sábado, 20 de outubro de 2012

Literatura pelo mundo - Bélgica


Sendo a Bélgica um país majoritariamente bilíngüe, alguns afirmam que não é possível identificar uma literatura belga como tal. De fato, os autores flamengos são freqüentemente associados aos autores neerlandeses e os autores de língua francesa aos da França. Porém, parece um pouco simplista descartar a noção de uma literatura belga por conta da divisão lingüística. Vários autores flamengos escreveram em francês e passaram grande parte de sua vida fora de Flandres ou da Bélgica, como Emile Verhaeren ou Maurice Maeterlinck. Por outro lado, numerosos Belgas de expressão francesa provêm originalmente de famílias de língua neerlandesa, especialmente em Bruxelas, como Jacques Brel. Por isso, é preciso adotar uma perspectiva histórica para abranger a literatura da Bélgica com toda sua especificidade.

A Bélgica atual, pelo menos em termos de fronteiras, nasceu em 1830, quando se estabeleceu como estado de língua francesa em oposição ao regime orangista holandês. A educação era, portanto, essencialmente feita em francês, também com o intuito de afrancesar as classes sociais superiores e médias, para depois afrancesar as massas populares.

A literatura belga de língua francesa que se desenvolveu a partir deste período conheceu diferentes fases. Durante a primeira, de 1830 até o final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, a maioria dos escritores não hesita em afirmar, pelo estilo, a linguagem e os temas, a sua “belgitude”, ou seja, seu sentimento de pertencer a uma Bélgica com suas próprias características, que a diferenciam dos outros países. Durante a segunda fase, que começa no início do século XX, os autores preferem adotar uma atitude mais “francesa”, respeitando as recomendações da Academia Francesa de Letras, e contando histórias universais. Desde os anos 60, a primeira fase voltou a ter bastante sucesso entre alguns autores, e agora coexiste com a segunda.

Quanto à literatura belga flamenga, ou seja, literatura em língua neerlandesa escrita por autores vivendo em Flandres, é quase inexistente durante muito tempo, porque o neerlandês é voluntariamente mantido no estágio de dialetos regionais sem verdadeira forma escrita normativa. Isso evitava uma “contaminação” do povo pelas obras escritas vindas da Holanda. Até o século XX, o flamengo permanece uma língua (ou dialeto) popular, e a língua falada pela elite flamenga é o francês.

Os escritores flamengos são muito lidos na Holanda, e vice-versa. Entre os grandes nomes da literatura flamenga podemos citar Hugo Claus, Kristien Hemmerechts, Tom Lanoye e Geert van Istendael.

Nenhum comentário:

Postar um comentário